Reúso de água como uma alternativa de saneamento ambiental

Por: Pedro Hen­rique Máx­i­mo de Souza Carvalho

A água é um recur­so nat­ur­al essen­cial para existên­cia e manutenção da vida, bem estar social e desen­volvi­men­to socioe­conômi­co. Todavia, é um recur­so fini­to, que sofre pressão com múlti­p­los usos, alguns com ele­va­do uso con­sun­ti­vo, car­ac­ter­i­za­dos por con­sumirem parte da água cap­ta­da do man­an­cial, a exem­p­lo da agri­cul­tura irrigada.

Uma alter­na­ti­va para reduzir a pressão sobre os recur­sos hídri­cos, com disponi­bi­liza­ção de água de mel­hor qual­i­dade para o con­sumo humano e desseden­tação de ani­mais, é a reuti­liza­ção de água. Tal ativi­dade apre­sen­ta-se como alter­na­ti­va que rep­re­sen­ta, den­tro da gestão dos recur­sos hídri­cos, uma sub­sti­tu­ição de fonte, con­tribuin­do com o sanea­men­to ambiental.

Nesse con­tex­to, deve-se levar em con­sid­er­ação que a gestão de sanea­men­to ambi­en­tal no Brasil resul­ta em um per­centu­al de 45% de trata­men­to no esgo­to ger­a­do, enquan­to 55% são despe­ja­dos dire­ta­mente na natureza, cor­re­spon­den­do a 5,2 bil­hões de met­ros cúbi­cos por ano. Uma práti­ca que con­tribui com o número de inter­nações por doenças de veic­u­lação hídri­ca, resul­tan­do em 65% das inter­nações totais no Brasil.

É notório que o baixo per­centu­al da cober­tu­ra san­itária no país é decor­rente da uti­liza­ção do sanea­men­to, como estraté­gia para políti­ca de pro­moção da saúde, que pres­supõe a super­ação dos estor­vos tec­nológi­cos, políti­cos e geren­ci­ais que têm difi­cul­ta­do a dis­sem­i­nação dos bene­fí­cios aos res­i­dentes de pequenos municí­pios e zonas rurais. Fato em evidên­cia nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, que se desta­cam por apre­sentarem as menores taxas de rede cole­to­ra de esgo­to (13% e 34,8%) e o trata­men­to do esgo­to ger­a­do (22,4% e 34,7%) do país.

Em bacias hidro­grá­fi­cas, onde há maior ten­são pelo uso da água, a exem­p­lo das bacias do semi­ári­do brasileiro e do alto Tietê, o reú­so de água deve ser con­sid­er­a­do não só como uma alter­na­ti­va de sub­sti­tu­ição de fontes para disponi­bi­liza­ção de água de mel­hor qual­i­dade para o abastec­i­men­to humano, mas como uma for­ma de reduzir contaminações.

O hábito de despe­jar esgo­tos, trata­dos ou não, em cor­pos de água super­fi­ci­ais para o afas­ta­men­to de resí­du­os líqui­dos é práti­ca ado­ta­da por comu­nidades em todo o país. Dessa for­ma, a comu­nidade, indús­tria ou agricul­tor que cole­tam água a jusante, estão prat­i­can­do o reú­so de água.

 É fato que o reú­so de água já é prat­i­ca­do no Brasil, pela cap­tação e dis­tribuição de água de man­an­ciais super­fi­ci­ais, que aden­tram nos cen­tros urbanos e recebem a descar­ga do esgo­to domés­ti­co e indus­tri­al, tor­nan­do impre­scindív­el o apoio gov­er­na­men­tal, em for­ma de inves­ti­men­to em pesquisa e ações que busquem sis­tem­ati­zar o reú­so con­tro­la­do, incluin­do a sua reg­u­la­men­tação. Tais pesquisas englobam um tema amp­lo, exigin­do um esforço mul­ti­dis­ci­pli­nar, que abrange as ciên­cias agrárias, da saúde e humanas.

Grad­uan­do em Engen­haria Agronômi­ca na Uni­ver­si­dade do Esta­do da Bahia e pesquisador no pro­gra­ma de ini­ci­ação cien­tí­fi­ca, na área de mane­jo de irri­gação e reú­so de água na agricultura.

E‑mail: pedrocarvalho2008@hotmail.com

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