IEA discute uso da água na agropecuária

Longe de ser um prob­le­ma super­a­do, a escassez hídri­ca vol­ta ao cen­tro das dis­cussões sobre o uso respon­sáv­el de recur­sos nat­u­rais. “Não se jus­ti­fi­ca o alarmis­mo em torno do sum­iço da água, que obri­garia as pes­soas a migrar em bus­ca de abastec­i­men­to, nem a afir­mação de que a prin­ci­pal cau­sado­ra dis­so seja a agropecuária”, afir­mam Eduar­do Cas­tan­ho Fil­ho e Mário Olivette, pesquisadores do Insti­tu­to de Econo­mia Agrí­co­la (IEA/Apta), da Sec­re­taria de Agri­cul­tura e Abastec­i­men­to do Esta­do de São Paulo e Adri­ana Dami­ani, exec­u­ti­va pública.

A abor­dagem clás­si­ca da pro­dução de água é dada pelo ciclo hidrológi­co, cuja quan­tifi­cação se faz por meio do bal­anço hídri­co de bacias hidro­grá­fi­cas, ressaltam os pesquisadores. No Brasil, esse tra­bal­ho é feito pela Agên­cia Nacional de Águas (ANA). Em seu mais recente relatório, a agên­cia divul­gou que 72% da água uti­liza­da o foi na agri­cul­tura irri­ga­da, oca­sio­n­an­do as mais dis­paratadas inter­pre­tações, dan­do a enten­der que o con­sumo da irri­gação é o mes­mo da agropecuária. Note-se que área atual­mente irri­ga­da no Brasil é de cer­ca de 8% da área agrí­co­la plan­ta­da com grãos (54 mil­hões de hectares). Ressalte-se que a Políti­ca Nacional de Irri­gação, dis­ci­plina­da pela Lei n. 12.787, tem como obje­tivos, den­tre out­ros, “incen­ti­var a ampli­ação da área irri­ga­da e o aumen­to da produtividade”.

Os autores ressaltam que a pro­dução de água se dá pela infil­tração, a qual ocorre quase que exclu­si­va­mente pelo meio rur­al. Pelo uso do solo no Brasil, pode-se obser­var que a imen­sa maio­r­ia do país é rur­al, mas com a pop­u­lação alta­mente con­cen­tra­da nas áreas urbanas (quase 85% dos habi­tantes, em 2,4% da área). Isso gera impli­cações óbvias tan­to na pro­dução quan­to no con­sumo de água, e nas relações entre ofer­ta e demanda.

Quan­to mais urban­iza­da a área, menor será a evap­o­tran­spi­ração das plan­tas, aumen­tan­do o escoa­men­to super­fi­cial e reduzin­do bas­tante a infil­tração. Além dis­so, a qual­i­dade dessa água que escorre é de pés­si­ma qualidade.

É notório que a questão hídri­ca é muito abrangente, afir­mam os pesquisadores. No entan­to, é pre­ciso ressaltar que não se pode con­fundir con­sumo de água pela irri­gação com neces­si­dades de água das ativi­dades agropecuárias e flo­restais e há espaço para gan­hos de con­ser­vação de água e racional­iza­ção do con­sumo por meio da adoção de téc­ni­cas apro­pri­adas. O meio urbano depende cada vez mais da pro­dução de água do meio rur­al e que, no lim­ite e existe um arcabouço jurídi­co capaz de favore­cer a imple­men­tação das medi­das pro­postas, den­tre elas a adoção de uma políti­ca públi­ca proa­t­i­va de cri­ação de reser­vas flo­restais estad­u­al­izadas e em locais estratégi­cos do pon­to de vista dos recur­sos hídri­cos é imprescindível.

Fonte: DM online

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